O Centro
Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia foi inaugurado
simbolicamente nesta quarta-feira (8), no Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI). Na audiência, os ministros Marco Antonio Raupp e Wan Gang
também refinaram os consensos dos dois países em torno do Plano Decenal
Brasil-China de Cooperação 2012-2021, no que diz respeito a linhas gerais e a
cinco áreas específicas.
A sessão dá
continuidade ao acordo assinado em junho, durante a conferência Rio+20, pela
presidenta Dilma Rousseff e pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que
elevou o nível de parceria das duas nações para "estratégica global". Os dois
mandatários ratificaram, então, que a ênfase ao plano está diretamente ligada à
cooperação nos setores da ciência, tecnologia e inovação. Raupp participou da
assinatura.
Além de reunir
novas iniciativas conjuntas em diversos segmentos, as nações estabeleceram então
a criação dos centros virtuais conjuntos Brasil-China de Satélites
Meteorológicos e de Biotecnologia.
Demonstração
No encontro de
hoje, Raupp disse que o tamanho da delegação brasileira mostra o interesse
brasileiro no assunto. "Tivemos oportunidade de discutir duas vezes, na Alemanha
e em Beijing, os pontos de vista sobre o plano decenal", relatou. "Minha posição
é simplesmente de criar condições objetivas de cumpri-lo, de que sejamos
soldados agindo sob a coordenação dos dirigentes que assinaram."
O titular do MCTI
sugeriu, e Gang assentiu, que se trabalhe com base nos respectivos planos
estratégicos de política de ciência e tecnologia (no caso brasileiro, a Encti) e
que se aproveite a experiência adquirida em áreas e projetos já compartilhados.
Ambos deram destaque ao projeto Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres
(CBers), que tem mais de duas décadas.
Os dois concordaram
também quanto à intenção de inserir o setor empresarial na agenda conjunta dos
países e estimular a inovação tecnológica e a elevação da competitividade na
indústria. "O mundo está sofrendo crise econômica, especialmente os Estados
Unidos e a Europa, por isso é muito importante cooperarmos olhando para o
futuro, para enfrentar juntos os desafios e aproveitar as oportunidades", disse
o ministro da Ciência e Tecnologia da China.
O presidente da
Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo Coelho, destacou que a
experiência cooperativa na área remonta a 1986 e subiu progressivamente de
graduação: de parceria sino-brasileira na ocasião da assinatura do termo de
cooperação (1988) a parceria Sul-Sul, depois parceria estratégica Sul-Sul e,
recentemente, parceria global Sul-Sul.
Raupp sugeriu que
as iniciativas conjuntas para satélites meteorológicos busquem convergir com as
dos CBers, de recursos terrestres. O histórico e as perspectivas do projeto
foram abordados pelo presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe/MCTI), Leonel Perondi.
Para o ministro
chinês Wan Gang, o projeto representa um marco na cooperação Sul-Sul e é muito
benéfico para outros países, que não têm satélites. Ele disse esperar que os
avanços em torno da iniciativa sirvam a necessidades como o combate ao
desmatamento e a produção agrícola, entre outros fins.
Nanotecnologia
Para 5 a 7 de
setembro está marcada visita de nove pesquisadores à China para tratar de
iniciativas em nanotecnologia. "A expectativa é que eles possam voltar com um
portfólio de projetos dos quais possamos começar a estudar o financiamento",
comentou o ministro Raupp. O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e
Inovação substituto do MCTI, Adalberto Fazzio, parabenizou o governo chinês pelo
avanço no tema. "Em poucos anos, passou a ser o país que mais publica na área e
talvez o segundo em patentes", disse, acrescentando que a inovação na área
transpassa outras vertentes do plano decenal.
O diretor do
Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), Fernando Galembeck, citou temas que
já têm ações em curso. Caberá a ele coordenar nacionalmente o Centro
Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia. A placa de inauguração do
novo centro será levada ao LNBio, em Campinas (SP), onde a instituição
funcionará.
O secretário de
Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, Eliezer Pacheco, informou que se
encontra em análise a entrada do Brasil na Rede Internacional para o Bambu e o
Ratã. A China é o maior produtor mundial de bambu.
O presidente da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), Glauco Arbix, contou que o
Brasil está realizando levantamento inspirado em documento patrocinado pelo
governo chinês sobre tecnologias que o país deveria dominar até 2020. Também
propôs a montagem de grupo de trabalho sobre parques tecnológicos.
Complementando a ideia, o ministro Raupp sugeriu e ficou acertada a realização
de um encontro em 2013 reunindo empresários para troca de experiências e
aproximação para negócios. Wan Gang disse esperar, no futuro próximo, a formação
de um parque industrial binacional. Segundo ele, essas estruturas respondem por
metade das patentes e um terço dos novos produtos em seu país, e os parques de
alcance nacional perfazem 12,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
Ciência sem
Fronteiras
Sobre o Centro
Brasil-China de Biotecnologia, o presidente do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Glaucius Oliva, avaliou
que o momento é propício, em função das parcerias já estabelecidas entre
empresas farmacêuticas. Ele informou ainda, quanto ao Programa Ciência sem
Fronteiras, que a meta é ter pelo menos 5 mil bolsistas no país asiático, dentre
os 101 mil previstos no total.
O secretário
executivo do ministério, Luiz Antonio Elias, e o secretário de Política de
Informática, Virgilio Almeida, também participaram da reunião. O Ministério das
Relações Exteriores (MRE) do Brasil foi representado pelos embaixadores
Benedicto Fonseca Filho e Francisco Mauro Brasil de Holanda. Pelo lado chinês
também estava presente o embaixador no Brasil, Xu Jing, além de outros
representantes do governo.
Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia
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